Alianças

"O suposto era de que fossemos apenas eu e você, unidos como voltas de uma aliança, imutáveis, pálidos como o nevoeiro de uma noite fria e soturna... não era uma vida, mas era o que podíamos chamar de, contando os anos lado-a-lado num imutável movimento de corpos no fluxo do tempo. Era nosso pacto silencioso de permanecermos unidos apenas eu e você.
E foram incontáveis os bons momentos em que você era apenas uma parte de mim, como um rim ou algum outro orgão vital necessário para que a então chamada "vida" continuasse a ser vivida. Dias, anos, décadas, eras se passaram onde "nós" apenas necessitavamos um do outro, no início também do sangue doce de nossas vítimas que era bebido em grandes fluxos do mal do mundo. Sim só bebíamos dos maus você se lembra? Décadas de sangue corrupto correram por nossas vidas tornando muito mais fácil matar noite após noite. Séculos depois só precisavamos do pequeno gole, a morte do maléfico era apenas uma forma aos nossos olhos de livrar o mundo de mais um criminoso, uma forma de conforto para nós, como se cuidassemos do "gado" bom "nosso alimento" ceifando o ruim. E era após era só precissávamos da troca solitária do nosso próprio sangue, a forma mais íntima de "fazermos nosso amor", nosso maior prazer. Então um milênio depois ela veio, com seu encanto nos convenceu a deixá-la "viver" conosco, no meu íntimo sempre achei que nunca daria certo, sempre usamos nossas regras e nos escondemos dos antigos nunca criando os novos, mas você estava encantado com esse novo demônio em comunhão conosco. E novamente noites se passaram, anos, décadas quando então ela o convenceu a me deixar, disse não aguentar mais dividir o único ser que um dia importou para ela, nós falamos, discutimos, brigamos e então eu achei que seria melhor nos deixarmos, a aliança foi quebrada e eu pude ver o sorriso no rosto do demônio que te tirou de mim.
Chorei incontáveis noites, chorei anos a fio onde não bebi mais nem o pequeno gole, entrei em torpor, em meio ao caixão achei que nada mais valesse a pena sem você. Entregue ao grande sono eu vi lugares, conheci pessoas, neófitos da noite que de nada conheciam do grande mundo da escuridão, me diverti com seus problemas ainda mundanos, crianças onde o sangue ainda nem havia feito seu efeito mágico operando o milagre da imortalidade, peles macias quase humanas não fosse pela frieza da carne morta. E então depois de mais algumas décadas uma noite me levantei de súbito, era seu grito de socorro, desesperado me ergui do caixão, havia me tornado uma criatura das trevas, milênios me deram força e poder incomensuráveis.
Parei por um minuto rastreando onde você estava, bastou um pensamento e o sangue sobrenatural voltara a agir, pensando simplesmente na palavra "voe" e eu estava la no castelo em algum lugar da Europa em poucos minutos onde você jazia aos pés "dela", cada gota de seu sangue se esvaindo por você num profundo corte em sua garganta, sem pensar tomei uma decisão que talvez mudaria todo o resto da minha eternidade..."
Fragmento Diário Alec Dorc
continua...

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